Se você adentrar uma sala do curso de engenharia de qualquer instituição de ensino do país, a possibilidade de que a proporção de alunos homens seja consideravelmente maior do que de alunas mulheres é alta. Entenda como está ocorrendo a entrada da mulher neste ramo da engenharia.
Índice do artigo
Entrada da mulher na engenharia
Engenheiras revolucionárias
A mulher e a engenharia civil
Entrada da mulher na engenharia
É evidente que a luta das mulheres por um espaço no mercado de trabalho não é de hoje. Antigamente, o seu papel era somente de mãe e esposa e as poucas que trabalhavam normalmente eram viúvas ou solteiras mas, desde o século XX, isso vem mudando significativamente.
Quando pensamos no contexto da engenharia, uma área que historicamente foi predominada pelo sexo masculino, pode se ver uma evolução acontecendo nos últimos anos, com um aumento na entrada de mulheres em diversas áreas das engenharias, mas ainda enfrenta problemas relacionados à construção social dos papéis dos gêneros, e isso se mostra mais evidente quando observamos o cenário dos canteiros de obras, por exemplo, ou áreas de liderança.
O primeiro curso de engenharia chegou no Brasil em 1792, entretanto, somente em 1917 tivemos a primeira engenheira formada, Edwiges Maria Becker Hom’meil.
Um dos problemas que traz uma visão sexista para as engenharias é a ligação da profissão à “construção de coisas”, o que faz a sociedade ter a visão de que é um trabalho puramente braçal, e que por esse motivo é uma profissão para homens.
Essa visão vem mudando aos poucos, visto que entre os anos de 2003 e 2013, houve um aumento de 132,2% no número de mulheres entrando para as engenharias. Para esse número evoluir cada vez mais, é necessário que seja de comum conhecimento do que se trata a engenharia, ou seja, pensar, projetar, estudar, executar e criar soluções. Quanto mais essa informação for disseminada, menos será ligado à ideia de engenharia com força, e sim com a capacidade do profissional, que está ligada à sua competência e habilidades, e não ao sexo.
Por mais que a participação das mulheres se torne cada vez maior, outro problema enfrentado é a discrepância de salários, visto que segundo a pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em 2013 o salário das engenheiras representava somente 79% de um salário de um engenheiro com as mesmas competências e cargos iguais.
Outro problema, é que o aumento da entrada das mulheres em cargos de liderança não é proporcional à entrada delas na engenharia. Um exemplo prático pode ser visto em um dos órgãos que regulamenta a profissão, o CREA/CONFEA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia e Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) que existe desde 1996, desde então, o cargo de presidência foi ocupado por uma mulher somente uma vez.
Engenheiras revolucionárias
1) Emily Warren Roebling
Engenheira chefe na construção da famosa ponte do Brooklyn, que apesar de nunca ter cursado engenharia, aprendeu o ofício na prática com seu marido que após falecer, resolveu terminar o seu legado se tornando a engenheira chefe da obra. Além de ser uma grande engenheira, Emily também se tornou referência na luta pelo direito das mulheres terem acesso à graduação nos Estados Unidos.
2) Enedina Alves Marques
A primeira engenheira graduada do Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil, se formou em engenharia civil na universidade federal do Paraná (UFPR). Participou da construção da usina Capivari-Cachoeira, a maior usina hidrelétrica subterrânea do sul do Brasil. Um grande exemplo de superação, determinação e liderança, que apesar da discriminação de raça e sexo, conquistou seu lugar na engenharia.
A mulher e a engenharia civil
Dentre as engenharias, a civil é o curso que vem sendo mais procurado pelas mulheres desde a década de 90, um motivo relevante foi a criação de diversas áreas de atuação dentro da profissão. Entretanto, pode-se observar que as atividades mais realizadas por mulheres são ligadas à escritórios ou atividades relacionadas a relacionamento interpessoal.
De acordo com pesquisas realizadas pela autora Lombardi, engenheiras que trabalham com áreas relacionadas à obras, é exigido mais das mulheres, pois são constantemente questionadas sobre suas habilidades técnicas, além de passarem por situações de discriminação de gênero e assédios morais e sexuais.
Apesar das dificuldades enfrentadas, cada vez mais as mulheres se mostram em busca de superação e mostrar que merece e pode estar em todos os lugares, um exemplo prático do crescimento das mulheres na engenharia civil pode ser visto dentro da Unesp Ilha Solteira, que durante a primeira década em que o curso foi criado, somente 10 mulheres passaram pelo curso, já no ano de 2018, teve-se a primeira turma em que mais da metade eram mulheres. Já com relação a cargos de liderança, podemos citar de exemplo a Alicerce Empresa Júnior de Engenharia Civil, visto que é o terceiro ano consecutivo a se ter uma diretora presidente mulher.
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